Müsteiro
Chuva em Novembro, Natal em Dezembro.
19.6.05
11 dias depois, voltei a postar. Peço desculpa a quem mantém o mau hábito de visitar regularmente o meu blog, mas o fim de ano escolar consegue preencher-nos o tempo de uma forma ainda mais eficaz do que uma Playstation. Eu sei, soa a hipérbole...
Coincidência ou não, durante o meu período de ausência blogueira a situação financeira e social do país agravou-se. Comemoraram-se 20 anos de adesão à União Europeia, sem muito de bom para comemorar. Disse Sérgio Figueiredo no JN:
"Para o cidadão português é embaraçante ver o seu Governo, vinte anos e tantos milhões depois, confessar que o país não sabe viver sem eles. Haverá melhor confissão da nossa incapacidade?"
Entretanto continua o discurso do "apertar do cinto", sendo que ele continua a apertar no mesmo sítio de sempre. Todos os dias somos confrontados com regalias absurdas que são dadas a quem não merece: ou ministros e deputados que recebem reformas churudas simultaneamente com salários não menos avultados, ou indigentes que se recusam a trabalhar e exigem pensões e compensações. Chegam a confundir-se entre eles...
Um dos casos mais flagrantes e recentes foi (e é) o do ministro das Finanças, Cunha da Silva (mais um só com apelidos... ó praga!!!). Confrontado com o absurdo de ser um reformado de luxo que ainda trabalha e é pago a peso de ouro, apenas respondeu: "Não há nada de ilegal."
O problema não é o ministro ter tido esta resposta. O problema é ele não se aperceber que a gravidade da situação é mesmo essa: ser legal.
O IVA sofreu um novo aumento. Sofreu é como quem diz, porque quem sofre somos nós. É o imposto mais injusto e socialmente cego, pois ao atingir todos com igual intensidade, apenas faz mossa nos mais pobres. Se é tão importante recuperar o poder de compra dos portugueses, não sei como é que isto vai ajudar.
Entretanto, Alberto João Jardim continua a troçar de Portugal e dos portugueses, desafiando a políica governamental: anuncia mais 1000 contratados para a função pública no próximo ano, e aproveita as verbas do aumento de dois pontos percentuais no IVA nacional, quando aumenta apenas 1 ponto na Madeira.
É difícil não nos sentirmos gozados quando, entre apelos ao patriotismo e ao espírito de sacrifício, temos que levar com embrulhos destes.
Como se não bastasse já Portugal ser este paraíso à beira-mar plantado (só se for para os turistas, mas até para esses duvido), manifesta-se agora de forma visível um fenómeno que veio crescendo nos últimos tempos, mas talvez não a olhos vistos: a criminalidade de gangs. Espero estar enganado, mas creio que o espectáculo triste do "arrastão" de Carcavelos é apenas o "cartão de boas-vindas" desta criminalidade até agora oculta.
Como consequência, aconteceu também a primeira manifestação de extrema-direita em Portugal, com uma multidão de mentecaptos xenófobos de braço estendido a gritar palavras anti-estrangeiros, como se fossem eles os culpados da crise em que estamos metidos... É facilitismo a mais e só revela a pequenez da mentalidade desta gente, ao escolher um bode expiatório tão imediato e tão injusto.
Esta triste manifestação vem assim completar o quadro da crise em Portugal, como diz João Paulo Guerra no Diário Económico: "Com o atraso com que todas as modas chegam a Portugal está agora a chegar o neonazismo. (...) O caldo de cultura está criado - crise económica, desemprego, precarização, exclusão, criminalidade."
Reparem na ironia da coisa: Um eterno país de emigrantes, a revoltar-se contra a imigração... Não vale a pena dizer mais nada. Estamos entregues à bicharada.
2 Comments:
Que o país já não se encontrava muito bem… todos já tínhamos percebido; mas que agora se encontra a seguir um caminho não mais feliz, também todos já nos apercebemos…
Ou mesmo que quiséssemos “tapar os olhos” ou “enterrar a cabeça na areia” como tanta vez nos apetece… também não seria possível, porque a constante informação invade-nos… e essa coisa que se chama de “Crise” parece que também nos afecta…
Enfim… acho que possivelmente estamos a caminhar para uma grande revolução, tipo, “25 de Abril”, fica sempre bem na História de Portugal.
Sim, porque os episódios começam a ser um pouco repetitivos…
Bem… é por este motivo que estou a repensar se não deveria entrar no mundo da política!!!
Sei que jeito... é coisa que não tenho… mas o que se tem verificado é que isso não é problema, para entrar nesse mundo…
* Sei que a falta de honestidade também não me ajuda… mas… não existe político sem defeito e não gostaria de ser eu a primeira, depois a falta de privacidade iria invadir a minha vida e não me parece que eu iria gostar…
* E depois penso… se o Santana chegou a primeiro ministro (que até o considero charmoso, não seria bem essa a sua função, mas pronto…)… porque não EU…
* E por estes motivos e por mais alguns acho que possivelmente um dia destes… irei dispor o meu tempo livre em prol de uma boa causa “PORTUGAL”
Uma coisa já aprendi, e acho que ainda vou a tempo...
O que aprendi é que nunca mais voto em mais nenhum filho da mãe, tendo essa mãe uma profissão dubia, a qual chamam de profissão mais antiga do mundo...
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