Müsteiro

Chuva em Novembro, Natal em Dezembro.

9.11.05

"Quaise" na Media

Pontapés na Gramática

Há poucas coisas que me conseguem tirar do sério, pois considero-me uma pessoa bastante calma e ponderada. Porém, para além de tudo o que envolve fundamentalistas, tunas ou o Simão Sabrosa, ver nos meios de comunicação de massa as verdadeiras borradas gramaticais que nos são transmitidas e feitas passar por correctas, consegue deixar-me literalmente a bufar.
A última vez que tal sucedeu foi no passado dia 5, ao consultar a página web do jornal "O Jogo". A manchete era referente ao regresso às vitórias do Sporting, no dia anterior. Um garrafal "VOLTAMOS" foi a palavra escolhida para retratar tal acontecimento. Voltamos, ontem, entenda-se. Já não foi a primeira vez que vi ser utilizado o presente com o significado do passado, mas foi a primeira vez que o vi fazer na forma escrita. Quando é na forma oral, ainda se pode pensar que é por um erro de pronúncia, mas assim...
Infelizmente, não se fica por aqui. Desde ouvir um Pedro Bicudo a dizer, por algum sentimento de superioridade próprio dos emigrantes, "pera" em vez de "para"; passando pelas ridículas tentativas da Manuela Moura Guedes pronunciar uma palavra que seja numa qualquer língua estrangeira; até à patética vaidade alfacinha de Paulo Camacho ao insistir no (infelizmente) já muito propagado "quaise".
Meu caro jornalista/pivot/energúmeno: soletre, se faz favor! Escreve-se Q-U-A-S-E! Onde é que está o "I"???
É já conhecida a grotesca mediocridade da programação da televisão portuguesa, que dá azo a uma aculturação que se propaga como um cancro, ignorando totalmente as responsabilidades da pequena caixa como o mais forte catalisador de valores e consciências da actualidade.
Como se isso não bastasse, somos confrontados com estes personagens que, com tamanha arrogância, se julgam senhores de um tal conhecimento que podem eles próprios "reinventar" a Língua Portuguesa, influenciando obviamente quem é receptor e pensa "Este senhor está na televisão, de certeza que sabe o que está a dizer...".
Não compreendo como é que, estando estas pessoas numa posição de tão grande responsabilidade, podem sistematicamente propagar os erros desta forma. E que tal essa instituição de nome pomposo e magnânimo, a Alta Autoridade Para a Comunicação Social, tomar uma posição acerca disto? Quando os erros gramaticais, ortográficos, de semântica e de pronúncia nos chegam em horário nobre e nas primeiras páginas dos jornais, palpita-me que é oportuno tomar uma atitude...

2 Comments:

Anonymous Anónimo disse...

Um bom post, sem dúvida. É realmente uma pena que não avisem estes "inventores da Língua de Camões" do mau serviço que fazem à sociedade.

11:42 da manhã  
Blogger Diabo da Tasmânia disse...

Cá para mim era isso mesmo que queriam dizer. Como quem diz, 'este ano não contem connosco mas.. nós voltamos'. Estilo 'fui ali... volto já'.

7:58 da tarde  

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