Apesar de já ser
yesterday's news, esta quebra na continuidade dos posts ainda não me permitiu comentar os resultados eleitorais de domingo. Prometo não ser maçudo.
Aconteceu o que muitos já esperavam e alguns teimavam em não querer encarar: o PS conseguiu a maioria absoluta que pedia e a direita teve uma derrota esmagadora.Confesso que eu próprio não esperava duas coisas: o descalabro do CDS/PP e o bom resultado da CDU. No primeiro caso, temia-se a transferência de votos entre a direita (do PSD para o CDS/PP), que não se verificou. Mostrámos que somos um país de vira-casacas, que em 2002 foi atrás do laranja para depressa chegar à conclusão que afinal a rosa não era assim tão má. No segundo caso, a simpatia do sr. Jerónimo de Sousa angariou (ou manteve) aparentemente bastantes votos, não levando para baixo o comunismo dos fundadores do partido. Resta saber por quanto tempo.
Agora peça a peça:
Abstenção: apesar de ter baixado quase 3 pontos percentuais, é ainda bastante elevada. Porém, e tendo em conta o nível de descrença na classe política (que já de si era muito baixo) que Durão Barroso e Santana Lopes conseguiram incutir na população portuguesa, acho que podemos dar-nos por contentes por não ter sido maior. Ah, e era um domingo de sol...
Bloco de esquerda: Mais que duplicou o seu resultado de 2002, o que só pode ser visto como um excelente resultado. Também não surpreende: era já sabido que as vozes utópicas da "extrema esquerda" (palavras de Portas) conquistavam um número crescente de adeptos, principalmente no escalão etário abaixo dos 30 anos. Teorias velhas para gente nova? Não me parece...
CDS/PP: Como já referi, foi o descalabro destas eleições. Para quem tinha como meta os 10%, os populares ficaram muito aquém, sem sequer beliscarem a maioria absoluta do PS que queriam impedir. Portas demitiu-se de imediato, por não ter atingido nenhum dos objectivos a que se propunha. O mundo da política cada vez mais se assemelha ao do futebol...
(mmm... já imaginaram isto acontecer não enquanto candidato, mas enquanto membro do governo em exercício? Seria bonito de se ver. Uma atitude
nobre. Ups, incompatibilidade... nobre e governar não se conjugam. E daí talvez... nobre-salsicha, salsicha-comida, comida-panela, panela-tacho... mmm...).
CDU: Aparentemente o ar simpático e nada comunista do avô Jerónimo foi um bom tônico para um resultado positivo nas eleições por parte do PCP/Verdes. Compreendo totalmente quem votou neles no domingo: analisando bem as coisas, Jerónimo de Sousa foi, com larguíssima margem, o líder partidário que menos baboseiras disse no debate a cinco.
PS: Atingiram o objectivo da maioria absoluta sem espinhas, conseguindo ainda alguns brindes de luxo, como a primeira vitória em Bragança e (!)Viseu(!). A única surpresa desta vitória foi, para mim, Sócrates ter iniciado o discurso de vitória dizendo "Camaradas!". O Portas é que tinha razão, vem aí a extrema esquerda. São os comunas que comem criancinhas!!! Ninguém está seguro!!!
PSD: Tanto pessimismo não sei para quê. Os resultados do PSD não foram assim tão maus: afinal, ganharam em dois distritos. Apesar de na Madeira ter sido por o,2%. Mas vitória é vitória. Mesmo que se dê ao adversário a satisfação de ter causado um chilique ao Alberto João Jardim quando viu os resultados. E, se a Madeira é um caso à parte, a vitória em Leiria só demonstra que ainda há muita gente no nosso país que está completamente alheada da realidade política portuguesa e que não vê mais televisão para além dos Malucos do Riso. E a Quinta das Celebridades, vá lá.
Quanto a Santana Lopes, causou surpresa ao não se demitir após a derrota / catástrofe / hecatombe. Ou talvez não. Numa segunda análise mais cuidada, da perspectiva do próprio, a surpresa é menor. Demitir-se... para fazer o quê? Não lhe conhecemos outros dotes, e na política já provou que não tem grande jeito... A primeira coisa que me vem à ideia é... não, esqueçam... o homem também já não está em idade de andar em cima de colunas de discoteca a noite toda...